quinta-feira, 29 de julho de 2010

Herz


Tão estranhas as coisas do coração. Não como qualquer outra coisa indecifrável, inexplicável e indefinível. As coisas do coração são muito mais estranhas do que as coisas estranhas normalmente são.
O coração tem maneiras próprias e misteriosas de trabalhar. É cheio de manias, o danado. O coração rejeita os conformistas em cima do muro; aceita apenas os intensos, que pulam, se jogam do lado mais escuro da circulação. O coração rejeita pessoas sensatas, aquelas que escolhem o ideal e não confiam em seus batimentos; aceita somente os loucos, que estão simplesmente disponíveis no pior momento imaginável.
O coração rejeita os planos e as certezas, isso é coisa pro chato do cérebro que acha que um mais um é dois. O coração sabe que as coisas não são bem por aí. O coração rejeita o acaso sem vontade, isso é coisa pro inconseqüente do corpo que acha que tudo é festa. O coração sabe que o mais importante não é o ritmo acelerado, mas a disritmia.
O coração venera o elogio ocasional desarticulado, saído das bocas bêbadas dos verdadeiramente apaixonados. O coração se emociona com o tempo gasto em decifrações e ponderações para alimentar a bomba singular do começo, recomeço ou fim. O coração acende-se com os pequenos sinais, as minúsculas palavras que inconscientes sustentam o grito na ponta da língua e o pulo na ponta dos pés.
O coração, coitado, sofre mais que o cérebro e se diverte menos do que o corpo. Mas ele tem uma energia vinda das explosões coloridas dos sentimentos profundos que cérebro nenhum entende e corpo nenhum suporta. Poderosíssimo, ele enche as idéias de propósito e os olhares de brilho.
Tão lindas as coisas do coração. Não como qualquer outra coisa indecifrável, inexplicável e indefinível. As coisas do coração são muito mais lindas do que as coisas lindas normalmente são.

terça-feira, 27 de julho de 2010

C'est la vie


Todos dizem que gostariam que as coisas na vida fossem fáceis como nos filmes. Eu costumava pensar isso também. Não me lembro agora qual filme estava assistindo quando mudei de idéia, mas a questão é que eu mudei. Percebi que as coisas nos filmes não são fáceis. Não mesmo.
Você acha fácil perceber que sua melhor amiga é o amor da sua vida na semana que ela vai casar com um duque escocês na Escócia? Ou fazer uma desconhecida que quer que você dê o fora nela em 10 dias, amar você?  Ou fazer uma mulher que tem perda de memória recente se apaixonar perdidamente por você todos os dias, pro resto da sua vida? Ou querer casar com um cara que foi jurado de morte por todo o nordeste? Ou ser louca pelo homem mais cafajeste do mundo, que ganha para desmoralizar as mulheres na TV? Ou ter um romance com uma agente americana que é casada com um nazista?
A vida dos filmes é complicada demais. Tanto quanto a vida real. Só achamos que é fácil porque as histórias acabam em duas horas. Nos próprios filmes elas duram mais, no mínimo dez dias.
O problema é que todo mundo acha que tudo dá certo demais. Em parte é verdade, os casais de todos os filmes que eu citei terminam felizes para sempre. Assim parece que é simples encontrar o amor. Mas cada pessoa desses filmes já errou feio. Traiu, foi traído, chorou, brigou e ninguém apareceu com flores e um lindo pedido de desculpas. Deu errado tantas vezes quanto nas nossas vidas, ou mais. A Julia Roberts terminou sozinha, a Cameron Diaz jurou que nunca mais iria amar de novo e a Sandra Bullock comeu brigadeiro na panela num sábado à noite.
O filme simplesmente focou no momento glamour da vida dos personagens. Se não seria muito igual à vida, não traria ilusões ou esperanças. E cá entre nós, quem assistiria a um filme horrível desses?
O que eu quero dizer é que a vida é muito mais linda que os filmes porque tem erros, tem acertos, burradas e as tais esperanças. E o momento Hollywood de cada um de nós chega um dia.
Nesse dia, depois de brigar com alguém, veremos um slide show com fotos e vídeos de como éramos felizes com esse alguém e quando a música acabar ele estará na sua porta com flores, chocolate, filme, moto, guitarra ou algo assim. E aquele friozinho na barriga, o pulo e a parada do coração, o esquecer de respirar, os fogos de artifício serão muito mais altos e gostosos do que os que sentimos no filme preferido. Porque é vida real.
E então poderemos finalmente ficar com o mocinho ou fugir com o vilão e vivermos felizes para sempre at
é os créditos acabarem.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um puta dia internacional do rock!



Se eu soubesse tocar guitarra teria passado esse dia tocando. Se eu soubesse cantar teria passado esse dia cantando. Mas não sei, infelizmente, nem cantar nem tocar guitarra. Então como homenagear minha coisa mais preferida no mundo no seu dia internacional?
Fazendo o que eu sei fazer, oras. Escrever e ouvir. Ouvir é fácil, mágico e inevitável. Só que eu não sei o que escrever do rock. Mesmo. É impossível explicá-lo com palavras, riffs seriam mais completos. É tão difícil quanto explicar o sentimento. É como se as baquetas ditassem as batidas do coração e os toques graves do baixo comandassem as vibrações da mente. É como se os acordes e os gritos fossem inerentes à alma e essenciais para a sobrevivência. E digo mais, eles ditam e comandam. E são tão essenciais quanto inerentes.
Rock é pura e simplesmente rock. Pode ser punk, glam, progressivo, classic, de garagem, metal. Rock é rock. Rock é música, é arte. Rock é vida. Até o fim, baby. Até a porra do fim.

ps.: postei atrasado porque estava ocupada com sexo, drogas e... oops, tava ocupada com o Rock’n Roll. ;p