segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Citocinese do Coração Partido





Passou a maior parte da vida esperando. Sua atividade era intensa e divertida. Metabolismo sempre nas alturas. Ao longo do tempo, porém, via todos à sua volta se transformando. Parecia algo bonito, incrível. Até que um dia se decidiu pela tentativa.
Passou por uma fase de preparação. Duplicou seus esforços, suas metas, seus desejos, seus sonhos. Tudo para ser dividido.
Até que começou o processo. Era muito profundo e diferente de tudo que havia sentido ou vivido. Coisas novas surgiam dentro dela, se movimentavam de maneira inesperada e inédita. Nunca se sentira tão completa e imortal. O sentimento de invencibilidade inerente aos eternos apaixonados tomou conta de todo seu ser.
Após o que poderiam ser minutos, anos ou alguns verões ensolarados, ela se deparou com uma sensação intrigante. Era como se alguma força centrípeta muito forte estivesse tentando partí-la. Tentou lutar contra, mas não queria. Não sabia o que era aquilo e deixou acontecer. Aos poucos foi perdendo pequenos pedaços. Acreditava que estava buscando a felicidade suprema, tudo aquilo valeria a pena. Inclusive e principalmente as perdas.
A força continuou agindo e se apoderou dela. Ela assistiu todo seu empenho, sua esperança e seu amor ir embora. Levando consigo um pedaço gigante dela mesma. Queria voltar no tempo, ou pará-lo. Só conseguia olhar.
Voltou para o começo. Agora esperava de novo. Seu metabolismo voltou a crescer e todas as suas atenções, antes tão ocupadas, se dispersaram novamente. Desta vez para recompor a curiosa criatura aventureira.
Sentia-se irreparável. Jurou que não faria aquela loucura de novo. Da próxima vez não se entregaria tanto. Se decidisse tentar, não seria tanta paixão, aplicação. Seria cautela, cuidado, precaução.
Cedo ou tarde descobriria que aquilo era impossível. Era uma questão regida por leis fisiológicas fora de seu alcance. Toda vez seria aterrorizante e extraordinário ou se não, mentira. Descobriria que 90% de sua vida seria recuperação. E no final, que aqueles míseros e miseráveis 10% realmente valeriam a pena. Se depois de tanto tempo é assim, certamente foi a melhor adaptação. Ou por que outro motivo ainda estaríamos aqui?

domingo, 10 de outubro de 2010

Seguindo o Sol


Queria os olhos da minha mãe. Quando eu era pequena, costumava dizer que pareciam girassóis em campos verdes de grama começando a secar. Os meus preferidos. Herdei os olhos do meu pai, puxadinhos, pequenos e castanhos. Da minha mãe herdei outras coisas.
Minha mãe é muito paciente. Paciente e calma com as coisas e com as pessoas, principalmente. O que é raro. Herdei isso dela.
Herdei também o gosto pela arte. Ela desenha, pinta, cria e escreve muito bem. E nossas habilidades maiores são complementares. O que ela consegue criar numa cabaça talvez só eu consiga pôr em palavras.
Poderia escrever um livro sobre essas coisinhas que temos em comum. Porém existe algo que aprendi com ela que acho que é maior do que todo o resto junto. Algo que foi inconsciente, tanto da parte dela ( o que não tira seu mérito, já que ratificou com exemplo), tanto por minha parte, que acabo de perceber.
Minha mãe é de Belo Horizonte e veio para Goiânia quando se casou com meu pai, com 19 anos. Transferiu sua faculdade de Odontologia de Diamantina para Anápolis e estudava durante os meus 3, 4 anos. Crianças são muito sinceras e eu, sendo cuidada por meu pai enquanto minha mãe estudava, passei a chorar por ele à noite. Vi Tigres com filhotes e disse que era o pai, porque a mãe estava trabalhando; por isso também a menininha de Chiquititas chorava. Disse isso para minha mãe, e cheguei até a perguntar onde ela morava.
A lição é que muitas vezes na vida eu terei o poder de machucar as pessoas com a verdade, mas isso não me dá o direito de fazê-lo. Claro que com 4 anos eu não tinha noção que minha mãe fazia tudo por mim e eu a fazia chorar a noite toda. A questão é que isso ficou guardado em algum cantinho dentro de mim. Isso se tornou a minha essência em mais do que a conclusão óbvia. A lição me ensinou gentileza, humildade, boas maneiras, respeito e perdão; a admirar sinceridade e saber usá-la assim como as palavras.
Se sou quem sou hoje, essa alma colorida e humanista até as entranhas, eu devo a ela. Por ter sido essa mãe maravilhosa que um dia quero ser pros meus filhos. Por ter me deixado fora das rodinhas adolescentes que reclamavam das mães. Eles não vêem que as mães só querem seu bem, mas o olhar da minha nunca me permitiu achar o contrário. E posso jurar que quando olho no espelho, bem de perto, meus olhos são campos de girassóis só um pouquinho mais secos que os dela.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mini - devaneio


Abro o flip do celular e vejo na tela: 1 chamada perdida. Hoje em dia espero me ligarem de volta. Quem quiser que ligue de novo, me encontre se quiser se arriscar. Há muito cansei de ligar de volta e ser engano. Só faço depósitos em cofre seguro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ps.: Cometa

Puta que pariu !!!!!!!!!

Escrevam textos mais curtos por favor! Até agora não conseguir descobrir que história é essa de todo mundo falando de Cometa porque não consegui entender os textos até o final!
Isso é um pedido desesperado, atendam-no!

PS.: Essa mensagem foi especialmente pra duas pessoas à toa que sabem quem são.