quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Aos que tem medo




"You know, sometimes all we need is twenty seconds of insane courage. Just literally twenty seconds of just embarrassing bravery. And I promise you, something great will come of it." (do filme We bought a Zoo!

Pensou na primeira vez que o olhar cruzou e seus olhos abaixaram. Pensou em quando os rostos se encontraram, de olhos fechados, e foi difícil puxar o ar. Pensou no telefone nas mãos, digita e apaga, digita e apaga. Pensou em quantas vezes as palavras foram poucas (pra fora) e tanto pra dentro. Pensou em quanto tempo deixou as correntes apertarem seus punhos. Pensou nas lágrimas que já derramou só para não cair dos olhos dos outros. Pensou na lista de futuros que nunca viveu. Pensou nas asas que não bateu com medo do tufão. Pensou em continuar igual, no seu espaço. Pensou em não dar aquele passo. Mas Bukowski ecoava na alma: se vai tentar, vá até o fim. Porque não sou pela metade. E você também não deveria ser.

sábado, 3 de dezembro de 2016

(Des)encontros




A última vez que te vi você pedia desculpas como se tivesse arrependido, mas sem coragem no olhar para assumir seus erros. 
Você gritava, talvez por mim ou por qualquer coisa que há muito não estava mais ali. 
Você nem me olhava de verdade, se escondeu atrás de qualquer bebida e nunca mais apareceu. 
Você sorria. 
Você me olhava como se nunca tivesse enxergado tanto. 
Você era cúmplice de tudo que eu queria fazer e não podia mostrar. 
Você me beijou como se fosse só mais um beijo de despedida, entre tantos que ainda trocaríamos no futuro.
 Você olhou pra gente, se virou, me olhou e viu… (o que você viu? Nem deu tempo de perguntar). Você me olhou como se não me conhecesse mais. 
Você me abraçou como cortesia, me agradeceu por educação.
A última vez que eu te vi eu sabia que não entrelaçaria meus dedos nos seus. 
Eu fiquei com vontade de te ver de novo, talvez de longe, só para não perder de vista. 
Eu não imaginava que ficaria sem seus olhos nos meus. 
Eu pensei ‘quem é você?’. 
Eu não sorria. 
Eu já tinha te perdoado há tanto tempo. 
Eu olhei pra gente, virei e te vi.
Eu fiquei sem lugar, sem chão.

Quantos últimos encontros temos que viver pra aceitar que a vida é desencontro?