sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A tua piscina tá cheia de ratos



É impossível, para alguém como eu, ficar à margem de um debate tão polemico e inflamado como o aberto pelos comentários de Mayara Petruso na internet (não sabe? Google it.). Impossível porque a discussão se tornou tão profunda e ampla que tange pontos sensíveis de minha humilde e particular opinião.

O julgamento divulgado por Mayara a respeito dos nordestinos é dividido com muitos brasileiros, diga-se de passagem, não apenas paulistas. Muitos endossaram seus insultos. Outros a insultaram. E assim o debate gerou uma comoção nacional, tomando proporções internacionais. A discussão é extremamente válida e necessária. É preciso enxergar o preconceito para aniquilá-lo.

Com o recente destaque alcançado pelo Nordeste como região que mais cresce no país e a considerável melhoria de vida dos nordestinos, o sentimento xenófobo acentuou-se. Pessoas como a jovem estudante de direito acreditam que o Nordeste ou os nordestinos não merecem o lugar que conquistaram. Nas palavras da Doutora em Sociologia e Psicóloga Marinina Gruska Benevides “A visibilidade do outro incomoda aqueles que se julgam herdeiros de um estatuto de humanidade sublime, embora esta se assente em fundamentos toscos.”. Sentimento condenável, porém corriqueiro nos homens em reação a mudança.

A grande infelicidade de Mayara foi o nível das ofensas proferidas. Ela pede a morte dos nordestinos por uma vitória eleitoral de uma candidata de sua oposição. Vitória esta que seria conquistada sem os votos do Nordeste. Uma prova da falta de informação da jovem.

Obviamente Mayara não tinha a mínima consciência do que fazia. O que não a isenta do crime. Numa democracia a liberdade não é plena. A liberdade individual se limita nas leis e na liberdade do outro. O preconceito e incitação ao homicídio a que a garota deu voz são crimes. Mayara servirá de bode expiatório da Justiça para que seja mostrado que o terreno virtual não é impune e preconceitos, sejam eles passionais ou seguidos de arrependimento, não serão tolerados.

A reação dos brasileiros é condenada por muitos. Mayara é alvo constante de insultos dos mais variados. Pode parecer mera hipocrisia. Para mim é a prova de que o Brasil tem esperança. Não concordo com o baixo calão das ofensas, mas acho compreensiva a indignação. A partir do momento que ela declara uma opinião deve lidar com as conseqüências. Vejo não um preconceito, mas um conceito (mesmo que agressivo) formado sobre ela. Conceito que só foi construído com base em palavras da própria Mayara.

E reparem: eu disse que os brasileiros tiveram essa reação. Não nordestinos apenas, brasileiros. Não penso como uma reação contra Mayara, mas com o tamanho preconceito a que ela deu voz. É uma resposta de que não toleramos intolerância. É uma forma de lutar por um reconhecimento de união e igualdade. Gritar para que alguém escute. Pobre garota, porque o Brasil encontrou o ouvido de que precisava.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Inquebráveis Sonhos de Plumas


Descia de um balão floreado todo estranho. Tinha estrelas, cometas, ideais, chocolate e o mar. Pisou no chão tomando cuidado para não desequilibrar. Olhou em seus olhos. Ah, era por isso. A dona do balão sorriu meio boba, meio sem ainda acreditar. Ele levantou seu queixo, balançou a cabeça como se dissesse: “Nope, no second best” e soubesse sua resposta: “Yep, it doesn’t get any better”. Ela, como sempre, desconfiava de alguma máscara, peruca, maquiagem, mentira. Ele, de alguma parte de vidro que pudessem quebrar.
A louca mulher então decidiu reinventar-se. Se no seu mundo algo daria errado, inverteu o sentido. Pegou impulso e se jogou no balão de volta com ele. Flutuando sem culpa se encaixavam encantados em finalmente por um rosto um no outro.