sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Relatividade



Caminhava os dedos por seu corpo, contornando o osso de seu quadril.
- Você tem tantas cicatrizes - sussurrou, demorando-se em uma delas.
- Há muita vida para trás - disse sorrindo, sem abrir os olhos.
- Não é tão velha assim - comentou pousando a mão acima do seu umbigo.
- É que os anos passam lentamente para mim - explicou colocando a palma da mão sobre a dele.
- Com a sua velocidade, até o vento machuca.
- E ensina. Onde você quer deixar a sua?
- Estou só de passagem.
- Olhares cruzados com estranhos na rua me marcam. O que importa é a intensidade.
- Então aqui - decidiu-se beijando suavemente a fenda entre seu pescoço e a clavícula sobressalente.
Continuaram deitados em silêncio por algum tempo. Os dedos dele passeavam divertindo-se por sua pele.
- Nossa, como é funda essa - constatou palpando uma lesão profunda logo abaixo de seu seio direito.
- Tem vento que entrega de menos e leva demais.