domingo, 12 de fevereiro de 2017

depois de nós


muito homem você que se permite essa confusão, essa humanidade de sentimento. muito homem muita coisa que você diz, que você olha, que você toca. muito homem você que é tão menino. você que de tão homem me estragou para todos os outros homens. porque nenhum deles me deu uma noite como a nossa. talvez por ter sido a única, imperturbável. nenhum homem tem seu sorriso. eles podem ser cavalheiros e educados, mas nenhum tem seu olhar. nem suas sardas, ou suas covinhas. nenhum tem suas mãos quentes, nem seu abraço demorado. e mesmo se tivessem, tudo junto, não seria você. você me transborda. de alegria, de fluidez, de paz, de música. talvez eu tenha ficado louca, nada disso faz muito sentido mesmo. talvez seja o fato de você nunca ter sido completamente meu enquanto eu era sua. talvez porque estávamos longe demais para entender de perto isso tudo. queria te escrever pra te tirar de mim. mas não tenho o suficiente de nós pra isso. quem sabe um dia alguém olhe pra mim com a sua teoria e eu olhe de volta. porque a sua teoria é linda, mas seus olhos estavam virados para o outro lado. o problema é que o problema não está em nós. o problema está no tempo. o problema está nos quilômetros. o problema está na confusão. acho que cheguei atrasada. ou você que chegou um pouco mais cedo. sei que nos desencontramos muito mais do que queríamos. do que eu queria. aí a noite amanheceu e virou tarde nítida. e essa me machucou. essa me tirou um pouco do brilho. não queria precisar ser mais mulher. gosto de alimentar esse sonho louco de ter uma história de livro. ás vezes você veio me mostrar que mereço mais do que meninos e certezas. porque se eu mereço você, mesmo que por um ínfimo de segundo, eu mereço mais. dessa sensação de ser mulher. dessa sensação de ser escolhida. dessa sensação de sentir mais do que devia. dessa liberdade de simplesmente ser. e encantar. e ser encantada. muito mulher eu que me permito você.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Here’s to the hearts that break



Quem sabe se isso é o início de algo maravilhoso ou mais um sonho que não consigo realizar? Perguntou a música e em sua cabeça ecoou. É a pergunta dos intensos, que depois de tanto se jogar de olhos fechados começam a andar, pé ante pé, calculando cada passo, medindo a firmeza do terreno, a textura sob os pés. Acontece que ela não sabia ler sinais, analisar as vírgulas. Só aprendeu a sentir a melodia, deixar seu corpo e sua alma voarem, rodopiarem até que a última nota fosse tocada. E se ela estivesse lá em cima, bem alto mesmo, caía com a certeza de que (ainda bem!) não era feita de porcelana. O sofrimento mesmo só vinha depois, a vozinha na cabeça brigando: de novo menina, como pode sonhar tanto? E a razão voltava a assumir um pouco (o coração precisava de uns minutos para recuperar o fôlego), fazia uns cálculos, montava umas regras, mandava a menina andar com calma. Toda séria a menina ficava, focada, desiludida, se perguntando qual o próximo passo, planejando a sequencia dos eventos. Oxi, que isso não durava nada com aquele corpo inquieto, e a alma já implorava para criar asas. Quem se importa com o final? Sorte a dela que a música respondeu junto com a intuição: quem sabe, eu senti desde primeiro abraço que dividi com você.