sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


Every beauty needs to go out with an idiot
How can you stand next to the truth and not see it?
Change of heart comes slow.
It's not a hill it's a mountain, as you start out the climb
Do you believe me or are you doubtin?
We're gonna make it all the way to the light
But I know I'll go crazy if I don't go crazy tonight.
U2


domingo, 10 de janeiro de 2010

Toujours


Não preciso mais sonhar. Logo eu, que amo idealizar não posso mais imaginar o homem perfeito. Porque o homem perfeito não é o bastante. O homem perfeito é calmo, romântico, gosta das mesmas coisas que eu. Mas eu odeio romantismo clichê, marasmo, coisas iguais sempre. O homem perfeito nunca foi perfeito pra mim. O homem perfeito me mandaria flores, ligaria no dia seguinte, me chamaria de linda, ouvirias minhas músicas e só assistiria a meus filmes. Eu provavelmente jogaria as flores no lixo, desligaria o telefone, ignoraria o elogio e enjoaria dos meus gostos. Mesmo sabendo disso eu ainda idealizava. Aí você chegou.
Chegou com seu cabelo bagunçado e atrapalhou meus conceitos, sonhos e idealizações. Coloriu a minha vida com essas suas roupas doidas amarelas, azuis, verdes, vermelhas. Você que ama grandes produções Hollywoodianas e agüenta meus filmes franceses e em preto e branco. Você com esse sotaque lindo que me irrita porque transforma todo s em x. Você que teve a paciência de me ensinar mais dois acordes pra eu juntar com os outros dois e tocar nossa música. Você que adora minha voz só porque meu olho brilha quando eu canto baixinho. Você que mal sabe inglês e fica implorando pra eu conversar com você em todas as línguas que eu sei. Você que me pediu: “Por favor, não se assusta, mas eu sou louco por você”.
E como eu poderia me assustar? Você escorou na parede com uma pose de estrela do rock, cara de drogado, piscou pra mim e me ganhou no “Oi”. Olhou no fundo dos meus olhos, disse “delícia” e sorriu esse seu meio sorriso sedutor e me deixou louca por você. E você não se assustou. Não se assustou com meu punk rock e me mostrou sua MPB. Não se assustou com meu pânico de compromisso e disse que não queria casar antes dos 60. Não se assustou com meu lado homem e me deu espaço para ser mulher. Não se assustou com minha mania de liberdade e se dispôs a ser livre do meu lado.
Sabe, com você eu até começo a entender toda idéia por trás de um casamento, porque eu queria gritar pra todo o mundo como eu sou feliz do seu lado. Eu adoro que você me acorda às 4h da manhã só pra dizer que tá sem sono, ou que tá compondo e eu sou a única que vai perdoar a ligação. Adoro essa sensação que você me dá na boca do estômago, digna das melhores comédias românticas. Adoro o jeito que você pega no meu pulso quando vai me apresentar pros seus amigos. Adoro o ritmo do meu coração quando você pega na minha cintura e me puxa pra mais perto de você. Adoro a música linda e boba que você escreveu pra mim. Adoro te retribuir com esse texto clichê sobre como eu te adoro. Adoro que você também me adora. Adoro sua loucura e intensidade tão iguais às minhas. Adoro que nesse conto de fadas eu posso acreditar em felizes para sempre só por causa de você.

Vida de Inseto



Descobri esses dias que temos mais que cinco sentidos. Na realidade, temos nove. Os outros quatro estão relacionados a equilíbrio, magnetismo, percepção de calor e de um hormônio específico. O mais interessante é esse último.
Existe uma estrutura dentro da cavidade nasal que reconhece o feromônio. Feromônio é o hormônio que as formigas soltam para marcar o caminho para o formigueiro, e as outras formigas seguirem. Nos seres humanos é o cheiro específico de cada pessoa. E essa estrutura responde, em cada um, a diferentes estímulos, de diferentes maneiras. É ao que nos referimos quando dizemos que rola ou não aquela “química”.
É por causa desse troço defeituoso na gente que amamos pragas. Por causa desses estímulos desregulados que viramos nossa vida de cabeça para baixo por pessoas que nem passaríamos perto em perfeito juízo.
Droga de feromônio. Droga de estruturazinha inútil. Droga de nono sentido.
Quero virar uma formiguinha para seguir esse cheiro e voltar para casa ao invés de ficar aqui perdidinha no meio do caminho.

Acabou


Acabou. Não tem volta. Ponto final. Portas fechadas. The end. Fim. Ou qualquer outra variação. É tudo que eu precisaria ouvir pra continuar com a minha vida, virar a página. Não insistiria em algo que não existe mais. Desapego-me muito fácil de qualquer situação parecida. Só que às vezes as coisas não são assim tão definidas. Você pode achar que é um ponto, continuar seu texto, e só depois descobrir que na verdade era um ponto vírgula, ou dois pontos, ou reticências. Misturando a complicada gramática com um pouco de biologia cheguei à conclusão que essa morfologia poliformista dos pseudo-finais só atrapalha nossa vida.
Sendo compreensiva acima da média eu entendo a dificuldade das pessoas de colocarem um fim definitivo em qualquer coisa. É o medo da mudança, medo de se arrepender depois. E assim acabam adiando um fim. Mesmo que prolongando a esperança de um final feliz não signifique o sucesso. Mas é que algumas exceções ao persistirem em alguma situação estagnada, conseguiram sucesso e se passam por regras. Fazem-nos acreditar que “quem acredita sempre alcança”. Nunca nos prepararam para o fracasso. Pior: nunca nos prepararam para desistir.
Eu sou uma daquelas que dizem: Desistir? Nunca. Pobre de mim. Uma das maiores virtudes de um ser humano é saber desistir. Ter a coragem de abandonar o duvidoso pelo nada. Começar tudo de novo. São poucas as pessoas que conseguem pôr um ponto final. Não confunda com saber virar a página. Não, isso é muito fácil quando alguém coloca um ponto final por você. Difícil é desistir do seu mais profundo desejo. Pôr um ponto final no que você queria que continuasse até o fim do livro. Desistir de algo que você tem a esperança de um dia te fazer feliz. Desistir de esperar pela felicidade, e até desistir de correr atrás dela. Eu não consigo desistir. Ou pôr um ponto final. Já coloquei reticências, exclamação, interrogação, vírgulas. Coloquei dois pontos. Foi minha última pontuação. Se o parágrafo não seguir um rumo agora vou ter que aprender a desistir. E eu vou conseguir. Nem que seja só pra me gabar disso depois. Nem que seja só pelo prazer de falar: eu mudei de ideia. Nem que seja só pra ficar triste e comer uma panela de brigadeiro. Nem que seja só pra dizer: desistam, como eu desisti. Nem que seja só pelo nosso bem. Nem que seja só pela pressa de acabar um texto. Que fique bem claro: esse texto acaba aqui.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Parque de Diversões



Um dia você acorda e percebe que novela é só ilusão. Que querer não é o mesmo que poder. E amor ás vezes não é o suficiente. Percebe que a dúvida é cruel e que mesmo quando descobre que tem certeza, não é tanta certeza assim. Percebe que muitas vezes a sua certeza vem junto com a incerteza do outro. Aí você percebe que é difícil manter uma convicção na qual só você acredita. Percebe que as dúvidas começam a surgir de novo – Será que eu quero mesmo? Tentar de novo, esperar de novo, sorrir de novo, sofrer de novo, cansar de novo, chorar de novo, quebrar a cara mais uma vez? Pra que? -. Então você percebe que cometeu todos os erros outra vez. Percebe que é esse o tipo de ciclo vicioso que se deve evitar. Mas percebe que não quer desistir, a montanha russa emocional é tão boa! Até você perceber que enjoou da montanha russa. Percebe que prefere carrinho bate-bate. Algumas surpresas, sem tantos altos e baixos. Percebe que quer estabilidade sem monotonia. Percebe que sabe exatamente o que quer, mas que vai acabar achando que quer a montanha russa só porque sente falta da adrenalina. Percebe que já está se cansando (de novo) da montanha russa porque ela gosta é de estar sempre lotada. E você não dá a mínima e procura outros brinquedos. Mas percebe que sempre que a montanha russa está sem ninguém, te chama só pra não ficar sozinha (ou talvez ela goste de sua companhia). O pior é que você percebe que você sempre volta pra montanha russa nessas horas, porque bem no fundo, ainda é seu brinquedo favorito. Percebe que você dá prioridade, mas que a recíproca não é verdadeira. Percebe então que não adiantou nada perceber tudo isso. Percebe que tá tudo errado e bagunçado. Mas que é por isso que você não gosta de novela. Porque dá tudo certinho no capitulo final. E você percebe que na vida não tem data marcada para o parque fechar. Percebe que é melhor ficar aqui brincando, até descobrir um brinquedo que faça tudo valer a pena!


"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o principio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida."
Fernando Pessoa