domingo, 27 de março de 2011

Wake Up Call



Eu não acredito em muita coisa. Para mim, não existe destino, predestinação, ou vida depois disso aqui. O mundo é resultado de uma série de eventos aleatórios assim como qualquer acontecimento, por pior ou melhor que este seja. Acredito que o universo está em constante expansão e retração. Que não importa o quanto ou quem diga o contrário, dois mais dois é igual a quatro.
Talvez por isso eu relativize os problemas. Mesmo que você tenha certeza que sua vida é horrível, tem coisa muito pior. É o argumento mais furado do mundo, é clichê e ninguém realmente acredita. O ego das pessoas é imenso e nossos problemas são sempre maiores que o mundo. Contudo, é uma das poucas coisas que acredito veementemente.
Não porque eu seja altruísta, uma alma maravilhosa e caridosa. Pelo contrário. Meu ego é ainda maior e eu sinceramente acredito que minha vida é muito, mas muito mais importante que qualquer problema. Para começar eu estou viva, e do jeito que vejo o mundo, isso não só é raro, mas é uma sorte do caralho. Os dinossauros tiveram que morrer, tantas guerras tiveram que acontecer, um monte de gente teve de ser torturado, mais outro tanto teve que transar e amar e odiar e viver só para que eu e mais só 6 bilhões de pessoas estivessem vivas hoje.
Por acreditar em tudo isso eu sou extremamente otimista. Aprecio profundamente a sorte que eu tive por poder estar aqui, nessa cidade que eu não gosto, perto de pessoas que me irritam, vendo gente morrendo de fome, podendo ser atropelada a qualquer minuto, num mundo que tem um sistema econômico que me enoja. Isso é brilhante. Faz-me enxergar tanta coisa que muita gente, a maioria das pessoas, simplesmente perde.
O quanto o pôr do sol é maravilhoso até mesmo na cidade. O quanto são profundos os olhares das pessoas. A mágica de um beijo com sentimento ou sem consentimento. O poder de um abraço brutal e desajeitado. O encanto de um término, eles sempre são inícios disfarçados. O quanto é engrandecedor amar, ser amado e perder. Depois amar, ser amado e perder de novo. Como é fascinante brigar, gritar, chorar, quando no final restam risos. Quão essencial é rir de si mesmo, dançar sozinho no seu quarto com a música no último volume ou no meio da rua em frente a uma multidão com a música no fone de ouvido. O quanto é realmente necessário ligar o foda-se para ser verdadeiramente feliz. Quão bagunçados e complicados são os relacionamentos, só porque eles valem à pena. Como é revigorante apaixonar-se perdidamente por um sorriso, um livro ou um estranho na rua. Enfim, apaixonar-se pela vida. Levantar da cama todos os dias não só pensando, mas, finalmente percebendo, que isso tudo, de um jeito um tanto quanto torto, é perfeito exatamente como é.

ps.: E isso é só o começo, porque 
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo"
Legião Urbana

2 comentários:

  1. O incrível é que precisou de 2 aulas e um texto sobre estoicismo (carpe diem) para as pessoas da minha sala perceberem o que você colocou no texto! Nem a angústia do passado, nem a esperança idealizada do futuro; mas o agora, o presente sem sentido (tirando aquele que damos), e todo nosso, os sortudos que estão vivos o suficiente para a todo momento tê-lo e perdê-lo novamente!

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  2. http://www.morroida.com.br/house-e-uma-bosta/

    Aqui o link que prometi.
    =*

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