Para nós, que fomos queimadas nas
fogueiras da idade media. Ainda nos jogam tanta lenha. Digo, nudes. Como ser,
onde ser, quando ser. Santa na sociedade, puta na cama. E se eu quiser ser puta
lá fora? E se eu quiser ser santa aqui dentro? O que é ser santa, afinal, o que
é ser puta?
Desejo a nós, coragem. Coragem
para ser o que se é. Sem medo de não ser mulher. Sem medo de andar sozinha na
rua escura. Sem medo de dizer não. Sem medo de beber até cair. Sem medo de
dormir de porta destrancada. Sem medo de dizer sim. Sem medo de ouvir: Você é
feminista? Ah, mas não é daquelas radicais não né?
Desejo a nós, força. Para educar
os nossos filhos para respeitar outras mulheres. Para ajudar os nossos amigos a
cuidarem das suas companheiras. Para combater o machismo dentro de nós mesmas e
toda culpa que vem com ele.
Desejo a nós, muitas amigas
mulheres. Sem competição. Sem julgamento. Juntas. Com amor. Com sororidade. Com
escuta. Com cura. Nenhuma a menos.
Olha, tem uma história que gosto
muito. Era uma vez uma águia que foi criada como galinha. Ela vivia em meio às
galinhas, ciscando, tranquila, porque foi criada assim. Nunca lhe foram
cortadas as asas, e continuava ali, por acreditar que era uma galinha. Manas,
vocês são águias. Não deixem que esse mundo convença vocês do contrário.
Nascemos para voar.
Desejo a você, mulher, que descubra suas asas.