Quem sabe se isso
é o início de algo maravilhoso ou mais um sonho que não consigo realizar?
Perguntou a música e em sua cabeça ecoou. É a pergunta dos intensos, que depois
de tanto se jogar de olhos fechados começam a andar, pé ante pé, calculando
cada passo, medindo a firmeza do terreno, a textura sob os pés. Acontece que
ela não sabia ler sinais, analisar as vírgulas. Só aprendeu a sentir a melodia,
deixar seu corpo e sua alma voarem, rodopiarem até que a última nota fosse
tocada. E se ela estivesse lá em cima, bem alto mesmo, caía com a certeza de que
(ainda bem!) não era feita de porcelana. O sofrimento mesmo só vinha depois, a
vozinha na cabeça brigando: de novo menina, como pode sonhar tanto? E a razão
voltava a assumir um pouco (o coração precisava de uns minutos para recuperar o
fôlego), fazia uns cálculos, montava umas regras, mandava a menina andar com
calma. Toda séria a menina ficava, focada, desiludida, se perguntando qual o próximo
passo, planejando a sequencia dos eventos. Oxi, que isso não durava nada com
aquele corpo inquieto, e a alma já implorava para criar asas. Quem se importa com o final? Sorte a dela que
a música respondeu junto com a intuição: quem sabe, eu senti desde primeiro
abraço que dividi com você.
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